quarta-feira, 5 de março de 2014

A princesa Felizberta e o príncipe Desajeitado

Era uma vez, uma princesa muito bonita e simpática chamada Felisberta. Um dia, estava ela sentada à janela do seu quarto, quando, de repente, bateram à porta:
¾ Truz! Truz!
¾ Quem é? – perguntou Felisberta.
¾ Sou eu, filha! ¾ respondeu a voz que estava do outro lado da porta.
¾ Ah! És tu, pai! Que susto!  ¾ exclamou a princesa.
¾ Desculpa! Não te queria assustar. Só queria dizer-te que já está na hora do jantar. ¾ avisou o pai.
¾ Muito obrigada, papá! Vou já! ¾ acrescentou a princesa.
Felisberta passou o jantar em silêncio. Uma sombra de tristeza lia-se no seu rosto. Não havia um único dia em que não se lembrasse dos seus verdadeiros pais e irmão.
Há dez anos atrás, durante um ataque das forças inimigas, os pais de Felisberta foram assassinados e o seu irmão mais velho, Filipe, nunca foi encontrado. Procuraram-no durante dias, mas nada. Fora provavelmente raptado pelos soldados inimigos. Felisberta só escapou porque a mãe ainda conseguiu escondê-la atrás da porta falsa que havia no guarda-fatos do seu quarto. Como o Rei e a Rainha não podiam ter filhos, decidiram adotar Felisberta.
Desde esse momento, que o Rei e a Rainha amaram e cuidaram daquela menina como se fosse sua filha de verdade, fazendo de tudo para que nunca faltasse alegria e riso no palácio.
Observador, o Rei não pôde deixar de reparar na tristeza da filha. Decidiu então organizar um grande baile de máscaras, para o qual seriam convidados todos os nobres do Reino.
No dia do baile, o palácio estava cheio de cor, luz e cheiro. Fatos e vestidos de todas as cores rodopiavam no salão ao som dos violinos e do piano. À medida que chegavam, os convidados iam sendo anunciados: príncipes, princesas, duques e duquesas…
¾ Eis que acaba de chegar o Príncipe….Desajeitado?! ¾ exclamou o porteiro, pensando que se tinha enganado.
¾ Não, não se enganou! ¾ disse o príncipe para descansar o desorientado porteiro. ¾ É o meu cognome. ¾ acrescentou no momento em que escorregou na passadeira vermelha e rebolou pelas escadas abaixo.
¾ Acabámos de perceber o cognome do jovem! ¾ segredou o Rei para a Rainha.
__ Acabaram os convidados reais. ¾ anunciou o porteiro.
¾ Está na hora da dança real! ¾ exclamou o rei.
O príncipe Desajeitado convidou a princesa para dançar, sem saber quem ela era.

¾ A senhora dá-me a honra desta dança?
¾ Claro que sim! ¾ respondeu a princesa.
E começaram a dançar ao som dos instrumentos de corda.
O príncipe reparou que as mãos da princesa eram pequenas e muito macias. Pareceram-lhe familiares.
¾ As suas mãos lembram-me as de alguém que perdi há muito tempo. ¾ disse o príncipe, pensativo.
¾ A sério? ¾ perguntou a princesa. ¾ De quem?
¾ Da minha irmã. ¾ respondeu com tristeza. Depois levantou o rosto e perguntou:
¾ A propósito, como se chama a senhora? ¾ perguntou.
¾ Felisberta! ¾ disse a princesa.
Quando ouviu este nome, o príncipe até mudou de cor, ficando a olhar para a jovem princesa por longos momentos.
¾ E o senhor? Qual é o seu nome? ¾ perguntou a princesa.
¾ Desajeitado, como foi anunciado. ¾ respondeu.
¾ Refiro-me ao seu nome verdadeiro! ¾ acrescentou, curiosa.
Sem saber o que dizer, o jovem príncipe acabou por responder:
¾ Ah, o meu nome verdadeiro é Filipe…
¾ O seu nome faz-me lembrar o de alguém, alguém muito querido que perdi há 10 anos atrás… ¾ disse Felisberta, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto.
¾ Também o seu nome lembra-me o de alguém que perdi exatamente na mesma altura… ¾ respondeu Filipe, afastando a máscara que lhe escondia a cara.
Os anos tinham passado, mas os traços ainda eram os mesmos. Felisberta teve a certeza de que era o irmão quem estava à sua frente.
¾ Filipe, meu irmão! Tu estás vivo! Tu estás vivo! ¾ exclamou a princesa, abraçando o irmão com toda a força.
¾ Felisberta… eu nunca deixei de te procurar durante todos estes anos! ¾ disse Filipe emocionado. A sua busca tinha terminado. Agora estava finalmente em casa.
Felisberta agarrou o irmão pela mão e conduziu-o até aos reis, para que lhes contasse a sua história e os ficasse a conhecer. Embora já fosse adulto, os reis decretaram que a partir daquele dia passaria a ser como um filho para eles.
A partir desse dia, os reis nunca mais viram a sua filha triste. Pelo contrário, passou a ser uma princesa alegre e feliz.
E todos viveram felizes para sempre!!!


FIM

Débora Paiva